domingo, maio 31, 2009

Recessão á Chinesa (Todos Sorridentes)

Transcorridos os cinco primeiros meses do pressagiado e fatídico 2009, nos deparamos com que políticos, economistas, analistas financeiros e investidores ainda não chegaram num consenso no que se refere a duração e recuperação da crise.

Entrando em Junho, o ultimo mês de primeiro semestre, percebemos que as coisas não foram tão ruins quanto se falava há 6 meses.
Para refrescar um pouco nossa memória de investidores e revalidar nossas estratégias de investimento de longo prazo, vale a pena conferir o quadro (a).

(Quadro a, clique para aumentar)

Logicamente tudo mundo gostaria de saber quando sairemos exatamente desta crise.
Temos duas possibilidades:
  1. Podemos sair da crise ainda neste segundo semestre de 2009. O que seria um fato excelente e nos leva a continuar considerando fortemente que o período de “compra” continua em aberto nestes momentos. Antes que os preços se recuperem e voltem a seus valores pré-crise.
  2. Podemos sair da crise no primeiro semestre de 2010. O que seria um fato excelente e nos leva a continuar considerando fortemente que o período de “compra” continua em aberto nestes momentos. E ainda, durara mais um pouco que na primeira possibilidade... Antes que os preços se recuperem!
Durante todos estes anos a estratégia de comprar em períodos de baixa, ou de forte baixa, foi a mais adequada e a que gerou mais retornos para a Plantação. No mínimo sugiro que seja alguma vez testada por você, caso nunca a testou.

Podemos chutar que nunca sairemos da atual crise? Só se estamos muito, mas muito deprimidos.
Podemos acreditar que ainda teremos fortes quedas no segundo semestre deste ano? Claro que podemos! Mas o importante e saber o que faremos caso isto acontecer... Em meu caso particular: comprar.

Quem realmente pode estragar o segundo semestre do ano é Kim Jong-il, o maluco da Coréia do Norte (Infelizmente).

Se nada grave acontecer, acredito que estaremos todos bem sorridentes no final deste ano (igual que os Chineses). Ao final eles estão preocupados porque em lugar de crescer 9% ou 10% neste ano, cresceram só 6%...

Boa Semana, Bons Negócios.

domingo, maio 24, 2009

Três Caras De Uma Mesma Moeda.

Especulemos juntos na seguinte linha.
Digamos que dispomos hoje de um capital para investir em alguma coisa. O leque de opções é o suficientemente grande como para que fiquemos entretidos por um bom e prolongado tempo.

O problema com o tempo, que é o único recurso infinito que conhecemos no universo, é que não temos a possibilidade de usufruir completamente dele. Isto é, nos somos finitos.


Colocada esta premissa de forma trágica, porem direta, continuemos na especulação.

Antes de sair por aí procurando novas oportunidades de investimento, penso que vale a pena olhar se aquelas empresas nas quais já possuímos investimentos não merecem receber um novo aporte de capital. A diversificação é algo sadio, porem em excesso é algo medíocre e confortável.


A primeira cara da moeda:

Ideiasnet: Os resultados do 1T09 não foram maravilhosos, nem muito menos nada para se orgulhar. O prejuízo de R$6 milhões, embora esperado por causa da queda nas vendas no varejo e da desaceleração da economia interna, foi no mínimo arrepiante.


O segmento de tecnologia no qual Ideiasnet atua, sofreu como outros segmentos sofrerão com a crise. Embora dentro do segmento de tecnologia encontremos resultados divergentes, com impactos diferentes.

Por um lado temos a Officer, responsável por 85,34% da Receita Liquida do trimestre (R$169,4 milhões) com uma margem de 2,3% de EBITDA . Isto significa que gerou R$3,896 milhões de lucros antes de impostos, depreciações e amortizações.

Em resumo: Muito dinheiro passa, pouco dinheiro fica. Normal, para um negocio focado na distribuição (neste caso de produtos de informática), como é a Officer.

Não vamos cuspir na principal empresa geradora de caixa do Holding!


Como já foi comprovado, o potencial bombástico e gerador de receita e margem que possuem outras empresas do portfól
io como por exemplo: Padtec e Imusica, é alentador.

Uma boa atitude da empresa foi a de apresentar uma nova forma de classificação das empresas que estão no portfólio, onde claramente se observa em qual estagio esta cada empresa e a qual segmento pertence. Cada segmento trabalha com margens bastante diferentes...




Se acreditarmos numa melhora constante e gradual nos próximos 3 trimestres do ano, sem duvida os resultados do ano fiscal de 2009 deveriam ser satisfatórios e empolgantes.

Mas, no âmbito dos investimentos, quanto menos deixemos livrado a fé, e quanto mais pragmáticos consigamos ser, mais chances de sucesso teremos no investimentos. Ao menos eu tenho fé nisto!



A segunda cara da moeda:
Num movimento atípico, ao menos assim foi para mim. Ideiasnet esta propondo fazer uma Redução de Capital Social. Isto soa ainda mais arrepiante que o prejuízo do 1T09. Na tentativa de esclarecer para mim e, obviamente compartilhar isto com vocês, foi que entrei em contato com Rodin Spielmann. Por email, respondeu:

1. O motivo da redução é para absorver a prejuízo de R$6 milhões, certo? Mas o impacto que isto pode ter nos investidores e na própria Ideiasnet, não esta claro para mim. Ideiasnet esta avaliando pagar para os investidores (proporcionalmente)? Se os prejuízos acumulados somam R$6, porque reduzir o capital em R$27?

O prejuízo acumulado de exercícios anteriores era justamente esse R$ 27 milhões, o fato de estarmos “zerando” essa conta é justamente para termos a possibilidade de começar a ter “Reserva de Lucro” e “Lucros Acumulados”.


2. Qual a vantagem/beneficio para Ideiasnet em fazer esta redução?
Caso geremos resultado positivo no ano, teremos uma conta de “Lucros Acumulado” e com isso poderemos pagar dividendos.

3. Entendo que o numero de ações em circulação será mantido, porem fico preocupado em qual o impacto que isto pode ter na cotação de IDNT? Francamente, nunca passei por uma situação similar.

O impacto deveria ser positivo na medida em que a Ideiasnet está demonstrando com ações contábeis (não há efetivamente nenhuma mudança no número de ações ou qualquer coisa do gênero) que está confiante na geração de resultados positivos a partir desse ano corrente.


A terceira cara da moeda:
Em tempo real as decisões não são tão obvias, isto é tendemos sempre a tentar diminuir ao máximo o nível de incertezas, mas as tentativas, ao final, não deixam de ser teses de investimento.


Podemos criar uma tese para Ideiasnet, outra para ALL, outra para Perdigão (agora a quase flamejante Brasil Food)... em definitiva podemos criar quantas teses achemos convenientes.

Evitar diversificar o investimento, neste momento, significa que nos obriga a fazer avaliações mas profundas de nossas próprias premissas. Isto é porque dividir o capital disponível para investir entre as 3 empresas citadas seria talvez uma saída confortável, mas ficaria evidente que estamos aceitando de certa forma nossa incapacidade de analise.

Boa Semana. Bons Negócios.

domingo, maio 17, 2009

O Fabricante de Bolas de Neve.


A historia do Fabricante de Bolas de Neve pode ser tão fantasticamente incrível, como é a historia da fantástica fabrica de chocolate e seu dono.

Ainda não tem a versão para o cinema, mas quem sabe talvez não demore muito em sair.

Até lá o melhor livro já publicado ao seu respeito é a biografia escrita por Alice Schroeder (Bola de Neve), por encomenda do próprio Warren Buffett.
“Se existem duas versões de um mesmo fato, falou Buffett para Alice, fique sempre com a menos lisonjeira...”

Eis aqui, logo no inicio do livro, uma das mais importantes lições (dentro das milhares que são transmitidas): “A Humildade Desarma.”

Se você quer acrescentar conhecimento ao seu estilo de avaliar oportunidades de negocio, sem a menor vacilação você pode encarar concentrado e alegremente as 900 páginas de sabedoria que o livro possui. Acredite, vale realmente a pena.

Escolher onde investir o dinheiro, de tanto estudo e analise eu diria que se transforma em quase uma arte. Warren Buffett é um verdadeiro artista neste sentido.

Enquanto o cenário de crise continua desenrolando-se, ou enrolando-se, semana após semana, mês após mês, e o humor dos investidores varia em direção inversamente proporcional à melhora ou priora deste cenário, fica claro que os melhores negócios podem acontecer em situações como as atuais.

Não é a toa que o número de fusões e aquisições tem aumentado significativamente durante os últimos 12 meses.

A historia de Warren Buffett esta repleta de crises, acertos e erros. Foi durante muitas destas crises que Buffett enxergou oportunidades para realizara negócios que posteriormente potencializaria fortemente sua fortuna.
Em quais circunstancias e em quais condições Buffett comprou parte de American Express ou de Geico?

Outro ponto importante é o de tentar entender todas as coisas que acontecem num determinado negocio. Por exemplo, nestes momentos estou tentando entender qual o beneficio ou prejuízo que a redução de capital social proposta por ideiasnet pode trazer para seus sócios (investidores) em para seu negocio?
Ou, como a fusão de Saida e Perdigão pode propiciar a compra desta nova empresa por algum concorrente internacional? Ou quanto tempo a nova empresa demorara em alcançar a eficiência operacional que a Perdigão já desfrutava, e que permitiu entre outras coisas que hoje estivesse em uma posição confortável para comprar a Sadia?

O que Alice ensina de Buffett através de seu livro é a incansável atitude de pesquisa e analise que Buffett desenvolveu ao longo de sua vida. Sem duvida uma qualidade valiosa.

Não permita que a crise atual tire seu foco, procurar oportunidades de negocio dentro ou fora da Bolsa é uma jornada constante. Independentemente do ciclo econômico.

Nota: Nunca utilizar o método de Ron para escolher onde investir...

domingo, maio 10, 2009

In (Who) We Trust? (2)

O Guia de Autodefesa do Investidor das Galáxias recomenda: A única forma de se proteger do excesso de auto confiança, e desconfiar “sempre” de todos, especialmente de nos mesmos...
Ainda reforça: Corte sempre suas perspectivas mais positivas em 25%. E aumente as mais negativas em 25%.
Por ultimo chuta: Se você já pagou uma quantidade significativa de reais, e tem a infinitesimal suspeita de que esta preste a repetir o mesmo erro do passado em sua próxima operação, pare, pergunte para seu cachorro e,... não faça nada até ele responder.

A catequização Stock Busteriana, inicia-se sempre pregando com o exemplo pratico obtido de fatos reais, tão reais como os reais que estes fatos representam.

As compras detalhadas no quadro (a) correspondem ao período de auge da crise financeira. Foi quando a marolinha chegou e arrasou com delicadeza quem estava tomando sol na praia. Nesses momentos o estrago na plantação já estava feito e não tinha mais alternativas, a não ser aproveitar os preços baixos.

O problema inicial com esta estratégia foi que a recuperação ainda levou um tempo e o incomodo da flutuação negativa seria contabilizado por mais alguns meses.


Mas apenas alguns meses antes da crise o mercado ainda subia com força. Mesmo com o estouro da bolha imobiliária americana, a contaminação dos bancos com os ativos “podres” e o dano direto que estes causariam em seus balanços, não veria a tona tão claramente até depois da quebra do Lehman Brothers.

Isto ainda contribuiu alimentando a confiança geral do mercado e continuo colocando gás nos preços das ações.

Hoje, fica claro que o problema estava na cara de maduro, e que bastaria a mais mínima das faíscas para que o estouro fosse estrondoso, como foi.

Que aconteceu então? Porque grandes bancos e a maioria dos investidores (grandes e pequenos) contabilizaram perdas generalizadamente?
Acaso falharam nas previsões? Não teve quem avaliasse de forma concreta que a crise que estava próxima seria a mais profunda dos últimos 80 anos?
Falharam os modelos de analise gráfica e fundamentalista?

Foi culpa dos analistas e seu excesso de confiança nos relatórios? Foi culpa dos economistas e seu excesso de confiança no ciclo econômico exuberante da economia mundial? Foi culpa dos políticos e seu excesso de confiança nas políticas económicas e a auto regulação do mercado? Foi culpa dos Bancos Centrais e seu excesso de confiança na política de juros como ferramenta para regular os ciclos económicos?


Resulta evidente olhar hoje em retrospectiva e descobrir que os lotes comprados no quadro (b) foram uma péssima decisão. Claro que quando as coisas acontecem em tempo real, quem não gostaria de poder ter esta certeza?

Como investidores sempre iremos cometer erros. Devemos sempre tentar para que sejam em menor quantidade que os acertos.

Cabe lembrar também que a ausencia de auto confiança e tão perigosa e ruim como seu excesso.

Boa Semana, Bons Negócios.

domingo, maio 03, 2009

In (Who) We Trust? (1)

A incrível historia da quinta temporada de Stock Buster começa hoje nesta postagem extraordinária, em parte para contra-restar o efeito gélido da postagem anterior e do mês anterior, em parte porque se eu mesmo não falo que é extraordinária ninguém mais vai falar.

Acredito que o leitor ainda não esteja entendendo o auto-elogio inicial, mas se você continuar lendo (cara leitora ou leitor) entenderá a relevância do assunto que abordamos hoje.

Na economia (e na vida) a confiança é um fator fundamental, sem ela nem o papel que chamamos de dinheiro tem o menor valor. A perda da confiança conduze nosso sistema econômico numa constante espiral corrosiva que unicamente pode ser interrompida com um novo ciclo de restauração da confiança.

A crise do subprime, que iniciou o atual cenário recessivo mundial, teve seu inicio originado em um excesso de confiança que seguidamente iniciou a espiral corrosiva da perda de confiança.
Voltar ao status anterior só será possível quando a confiança seja totalmente restaurada. Até lá alguns trilhões de dólares serão investidos...

Mas não é da confiança perdida que quero falar hoje. Sabemos, e comprovamos, o que a falta de confiança produz. Mas pouco se falou até agora dos efeitos do excesso de confiança.


A maioria das pessoas que lê freqüentemente este blog tem muita confiança em suas próprias avaliações financeiras (e de investimentos), e isto também inclui quem escreve este blog (eu).

Como Jason Zweig escreveu em seu livro Your Money and Your Brain: “Um pequeno conhecimento pode ser algo realmente perigoso. Mesmo aprendendo um par de coisas sobre algum assunto especifico nos pode deixar com um falso senso de poder... extremamente perigoso“
.

O filosofo Willard Van Orman Quine escreveu: O quanto você sabe é menos importante de que tão claramente você percebe onde começa a fronteira de sua ignorância.


Eis aqui um pequeno conselho para manter a confiança sobre certo controle:

Aprender que coisas funcionam estudando os registros daquelas que não funcionaram.
Fiz um quadro vermelho no registro que levo das movimentações do da Plantação, para me lembrar de que a confiança pode jogar em contra para qualquer um.
Nele coloco em destaque as piores compras que efetuei desde o inicio deste portfólio.
Alguns lotes de Ideiasnet comprados em novembro de 2007, na faixa dos R$9, não me deixam esquecer quanto me custou o excesso de confiança.

Boa Semana, Bons Negócios.
(e Confiança na medida certa!)