segunda-feira, janeiro 29, 2007

O investidor de...

O investidor de 17 anos de idade é um garoto tímido que rabisca seus sonhos nas folhas da Gazeta Mercantil. Pouco sabe ainda da vida, mas por algum motivo se interessa por investimentos. Tem namorada, amigos e mora na casa de seus pais no interior Paulista. Veste calça jeans e tênis.
Entre seus sonhos esta o de estudar informática, as finanças são só um hobby.
Seu primeiro contato no mercado acontece logo após ter sido escolhido tesoureiro do curso. Ele convence seus colegas a investir toda a poupança do curso num fundo de ações no banco local... Os companheiros aceitam o risco e, pela primeira vez na vida, sente na própria pele o peso da responsabilidade de administrar o dinheiro dos outros. Logo repara que se não de certo, muitos podem não viajar no final do ano.
Dá-se bem... Mas sofre no transcurso e se promete que nunca mais ira responder pelo dinheiro dos outros.
Ao final do ano o curso todo viaja para Fortaleza.

O investidor de 18 anos mora agora num apartamento na grande cidade, junto com três amigos. Estuda Sistemas e continua interessado em investimentos. Lê na padaria da esquina a Gazeta Mercantil, mas agora não rabisca a folhas. O jornal não é dele. Leva uma vida de estudante e continua namorando a mesma garota do colegial.
Decide incurcionar no mercado de ações e visita um corretor. Inicia seus investimentos com u$40.

O investidor de 19 anos conseguiu transformar os u$40 em u$1.200, não vai bem nos estudos, mas não é por causa de seu hobby. Tem um séria conversa com seu pai e decide se focar na universidade. Seu pai garante que o investimento vale a pena. Ele não concorda muito, mesmo porque seu pai não concluiu a universidade e hoje é dono de uma grande empresa. Mesmo assim, se foca.
Vende todas as ações e aproveita esse verão para fazer um tour de montain bike pela Patagônia.

O investidor de 23 anos esta agora perto de terminar a universidade. Ficou estes anos todos fora do mercado de ações. Continua lendo a Gazeta Mercantil, porem livre de compromissos aprendeu melhor a avaliar os investimentos. Entende que o mercado flutua e que esta é uma lei do universo.
Iniciou dois emprendimentos com amigos da universidade, mas não deram certo. Embora aprendeou muita coisa sobre ser dono da sua própria empresa.
Descobre que tem uma doença crônica, diabetes. Isto muda sua percepção sobre a vida. Quer casar com sua namorada do colegial e começa planejar e agir em conseqüência.

O investidor de 24 anos usa terno e trabalha como programador numa grande empresa multinacional. Gosta e curte do que faz, consegue poupar algum dinheiro porem continua longe do mercado de ações, tudo é investido em títulos públicos.
Compreende a importância da disciplina orçamentária e monta um plano de longo prazo.
Lê “Pai Rico Pai Pobre...”.
Num processo de reestruturação na empresa na qual trabalha, é demitido.

O investidor de 26 anos esta focado na sua carreira profissional. Embora entenda perfeitamente que o investimento irá alavancar seu futuro financeiro, seu foco esta mais voltado para o casamento. Casa-se no final deste ano.

O investidor de 27 anos investe na bolsa através de um fundo de ações. Sabe que não é a melhor das abordagens, porem esta muito ocupado com seu matrimonio. Não tem cabeça para outra coisa... Seu matrimonio não esta bem.

O investidor de 28 anos esta agora divorciado.
Sua vida, em vários aspectos, começou de novo.
Retira-se do mercado de títulos... Após o divorcio ficou com 50% de seu capital.
Descobre a Benjamin Graham e Warren Buffett. Lê todo o que pode sobre eles.

O investidor de 29 anos esta relativamente, mais maduro. Olha para o mercado sem ficar nervoso. Já não perde o sono. Conhece melhor suas próprias reações. Sabe aguardar. Sabe olhar longe, sabe a importância de montar uma estratégia e gerenciar o portfolio visando atingir seus objetivos de longo prazo.

O investidor de 30 anos sabe que é agora: um investidor.

O investidor de 31 anos sente-se seguro gerenciando todos seus investimentos. Sabe que o risco é relativo e que um maior retorno não necessariamente significa um risco maior. Avança e aprende. Continua estudando sobre investimentos, lendo, se informando. Embora, pequeno, age como se fosse um grande investidor. Não se deixa influenciar. Reflete sobre suas posições. Constrói... Constrói... Estuda... Aprende...
Acredita que o maior risco reside na sub-avaliação de um investimento por causa do desconhecimento.


(Nota 1: Post baseado na coluna semanal de Marcelo Rubens Paiva aos sábados no suplemento Cultura do jornal O Estado de São Paulo).
(Nota 2: Estou preparando a parte II de Plascar Inside...)

domingo, janeiro 21, 2007

Plascar Inside (Parte 1)

Se o criador da campanha “Intel Inside”, lançada pela Intel em 1991, muda-se para Jundiaí no interior Paulista contratado pela Plascar, com certeza ele lançaria a campanha “Plascar Inside”.

A Plascar produze pára-choques, painéis de instrumentos, difusores de ar, porta copos, volantes, laterais de porta, pintura de peças plásticas, quebra sóis, porta pacotes, carpetes, acionadores de vidro, interruptores de coluna, sistemas de iluminação (lanternas), pintura de aparelhos celulares, etc.

Tem como principais clientes a General Motors do Brasil, Fiat, DaimlerChrysler, Ford, Scania, Volkswagen e Toyota.

Mas, convenhamos, que ela é praticamente desconhecida... Embora ela seja líder de mercado, atendendo montadoras do Mercosul e exportando para o México, Canadá, EUA, Austrália e Europa. Atua no mercado original, atendendo também o mercado de reposição para sistemas de iluminação e sinalização.


Talvez você, como eu, não seja fanático por carros.
Olha só:

Se você tivesse investido em Abril/2003, digamos, r$10.000 na Plascar (PLAS4: r$0,54 por ação) hoje você teria r$1.518.518 (PLAS4: r$82,00 por ação)...

Mas, não se desanime... Muito.


Minha pergunta, desde que casualmente descobri a Plascar no final do ano passado, é se este hiper-mega-ultra-fantastico crescimento ira continuar nos próximos anos. Ou, se estamos no topo da cresta do... Tsunami?


Vou aproveitar esta oportunidade para compartilhar com vocês como faço a analise sobre a Companhia Plascar e sobre a possibilidade de que ela forme ou não parte do Portfolio. (Lembrando que o portfolio é real e não virtual. E que só sugiro investir nas mesmas empresas que eu mesmo invisto).


O setor automotivo:

A primeira grande fonte de dados é o site da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). No site pode-se observar que durante 2006 a produção nacional (veículos, caminhões, etc) foi de 2.420.990. A venda no atacado (mercado interno) foi de 1.743.893. Enquanto a venda no mercado externo foi de 778.549. (fonte: tabelas estatísticas anfavea).

Pois é, faltam 100mil veículos que seguramente ficarão no stock do ano anterior.


A produção de veículos bateu Record em 2006. Sem duvida isto influenciou a demanda da Plascar. (leia artigo: Produção de Veículos bate Record em 2006).


O primeiro ponto a favor da industria automotiva é que a venda de novos carros será influenciada em parte pela a baixa na taxa de juros e o aumento do financiamento durante 2007. Embora o consumo como um todo seja influenciado por este fato.

(... Continua...)

domingo, janeiro 14, 2007

A fronteira final ainda esta longe...

(Fatos importantes extraídos do Guia de Autodefesa do Investidor das Galáxias, que ainda não foi publicado, mas que viajantes do futuro já leram e aprovaram).

Desde que foi criada a primeira bolsa de valores no planeta Terra, um vasto numero de investidores cresceram e sucumbiram, cresceram e sucumbiram, tantas vezes que é muito tentador pensar que a vida no planeta Terra deve ser (a) muito similar ao enjôo marítimo, ou de avião, ou de ônibus descendo a serra, ou de excesso de bebida alcoólica; Ou (b) angustiante e repetitiva.

Também é tentador admitir que embora existam centos de milhares de investidores, só alguns poucos conseguem chegar as capas do jornais e das revistas de braços cruzados e falando quantos zeros tem sua conta bancaria.
O resto percebera na tentativa escrevendo seu próprio e insignificante blog.

O que vamos fazer? Hoje compramos amanha vendemos... Ou como diz Buffett: Hoje compramos e, se nunca mais vendemos, ótimo.

As duas primeiras semanas do ano apresentaram uma clara ressaca como conseqüência das altas indiscriminadas acontecidas no Rally de final de ano.
E como todo Rally, sempre termina em derrapada...
Pois desta vez não foi à exceção.

O importante é que o investidor persistente não perca o foco e olhe sempre para seus objetivos, seja lá onde eles estejam registrados. (caso ainda você não tenha registrado os objetivos de seu portfolio esta é uma boa oportunidade).

Também é de extraordinária importância rever sua estratégia. Para saber se continua da mesma forma, para saber se tem alguma coisa que possa ser feita, mas ainda não foi por causa da ressaca, e para saber se você ainda lembra dela.

2007 parace ser um ano de aqueles no qual o Dalai Lama não gostaria de perder tempo meditando. (com todo respeito).

Não teve artigo em revista, jornal e até blog que não falasse do desbordante otimismo relacionado com as incomensuráveis possibilidades que a Bolsa de Valores de São Paulo promete para este ano.

Graças a SELIC que esta nos patamares mais baixos da historia da humanidade e, de um apetite global por rendimentos maiores por parte dos investidores dos paises do primeiro mundo, que alocam seus recursos nos paises do mundo logo após do primeiro. (chamados carinhosamente de emergentes, e, entre os quais o Brasil se localiza).

Com a SELIC em queda (tem previsões de que pode terminar o ano na faixa dos 11%), o Dólar barato (ninguém vai espirrar se alguma valorização acontecer), as exportações fortes, as contas fiscais em ordem, a fuga em massa dos fundos DI e de Renda Fixa, a economia americana já quase pousando sem problemas (embora ainda existam possibilidades de turbulências no pouso mais longo da historia da aviação), sem CPI’s da vida, com a certeza de que os embargos à carne brasileira iram caindo aos poucos neste ano, o preço do petróleo caindo e ajudando para baixar a inflação no mundo, o commodities caindo (isto é paradoxal)...

Enfim... Como estava dizendo. Na historia muitos investidores cresceram e sucumbiram. Estamos numa clara época de crescimento... Meu sentimento é que a fronteira final ainda esta longe... Mas, como sempre, ficar alerta e atento nunca esta de mais.

Aproveite as ofertas da semana: GOL, ALL, IdeaisNet, Porto Seguro e Perdigão. (nesta ordem).
Agora, aqui entre nos, muito otimismo é suspeito. Não é?


sábado, janeiro 06, 2007

Stop Loss...?

Vamos esclarecer...
Entre as causas da derrapada da Bovespa (-4,03%) na ultima sexta-feira os jornais citam:

  1. A divulgação da ata da FED, especificamente do Mr. Bernanke (presidente do Banco Central Americano): Que continua alertando sobre a inflação em aquele país. Tudo mundo sabe que isso significa que os juros americanos iram-se manter no mesmo patamar por mais tempo. E em decorrência disto, agiram vendendo...
  2. Stop Loss: Neste ponto eu diria que seria melhor falar em stop WIN. Como a semana acumulou 4 pregoes negativos sucessivos e os meses de novembro e dezembro foram extremamente positivos, muitos investidores (melhor chamados de especuladores) aproveitaram para zerar posições e realizar lucros. Desta forma alavancaram a baixa do mercado. Eu acredito que esta seja a principal causa.
  3. As commodities: Queda nas cotações dos metais (ouro, prata, aço, etc) e queda no preço do petróleo, este ultimo derrubado porque o inverno no hemisfério norte esta mais quente do normal. A queda no preço dos commodities afetaram empresas como Vale do Rio Doce e Petrobrás. Ambas possuem um peso bastante forte no índice Bovespa (especificamente ambas dominam 23,754% do índice. (Ver composição Índice Bovespa).
  4. No fundo, como derivação do ponto (2) esta o famoso efeito manada. Causado pelo MEDO. (Em clara comprovação do post anterior).

Para colocar as coisas ainda mais: Preto no Branco. É preciso lembrar que, para que o preço de uma ação flutue é necessário o encontro de dois atores. Um Comprador e um Vendedor.

A pergunta em questão seria: Qual o motivo pelo qual o Comprador compra? Qual o motivo pelo qual o Vendedor vende?
Vende por boatos? Vende porque esta realizando lucros? Compra porque acredita que o preço esta novamente atrativo? Compra porque a empresa em questão ira continuar sua trilha de crescimento?
Vende porque todos vendem? Compra porque não tem idéia do que esta fazendo?

Acredito que seria suficiente ter uma entrevista com um grupo de compradores e de vendedores para entender os motivos da queda e até sentir para onde o mercado esta indo...

Os atores na Bolsa de São Paulo estão conformados da seguinte forma:
35,5% são Investidores Estrangeiros (Follow the foreign Neo).
27,2% são Investidores Institucionais.
24,6% são Pessoas Físicas. (como você e como eu).
10,4% são Instituições Financeiras.
2,2% são Empresas.
0,1% são Outros (não sei que outros?).
(Fonte: Artigo site da Bovespa. Veja artigo completo aqui).

A ação (do Índice Bovespa) que atingiu a maior alta durante 2006 foi América Latina Logística (Bovespa:ALLL11) com uma alta de +123,9%. Uma empresa que tem orgulho de formar parte deste Portfolio...

O resumo do ano 2006 em termos de retorno das empresas do portfolio:
(1) Ingressou no portfolio no dia 20/2/06. O valor foi calculado desde esse dia. (2) Ingressou no portfolio no dia 20/9/06. O valor foi calculado desde esse dia.

Nota: O quadro apresenta a perfomance das ações de cada empresa exclusivamente. Isto não leva em consideração o peso que cada empresa tem no portfolio nem as aquisições efetuadas durante o ano de 2006 que modificaram o peso relativo de cada empresa. Em resumo, foi o rendimento da ação no mercado no período calendário.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

(... Turn on): Check-In

As pessoas físicas já dominam quase 30% do volume negociado na Bovespa. Enquanto o resto dos espectros, dividido entre pessoas jurídicas e estrangeiras: dominam definitivamente o resto.
O dado, sem duvida, é significativo...

Ah! Não é?

Reflita então sobre a seguinte questão: O que você costuma comer no seu café de manha?


Se você acha que esse, seu costume, é padrão; então você pertence ao grupo dos homo sapiens que acreditam que todos os fatos já estão descontados no preço de uma ação. E, que o comportamento de vários milhares destes bípedes carnívoros pode ser previsto projetando um gráfico que possua o histórico das cotações.

Lindo, mas Freud deu pulo no tumulo.


Talvez, você esteja-se perguntando neste instante qual o motivo desta abordagem de forte perspectiva sócio-psicologica ou psico-paranoica?

Saiba que eu também estou perguntando a mesma coisa enquanto observo uma manada fora de controle tentando fazer o check-in no aeroporto de Congonhas.

Isto, irremediavelmente, me leva a falar do fato de duas formas diferentes:


A primeira reforça a estratégia de tirar proveito das crises absurdas.

Esta crise (a da apagão nos aeroportos) é tão passageira como o inverno. Embora as crises sempre sejam recorrentes no tempo. Em resumo: Sempre haverá alguma crise.

O apagão no aeroportos levou duas vezes o preço da ação da GOL para a faixa de r$60 (não foi Elliot e suas famosas ondas). Aproveitei as duas vezes para aumentar o peso da GOL no portfolio.

Comprei GOLL4 a r$60,70 o 27/11 e a r$60,47 no 26/12.

Logo após de superada a crise voce vai observar como o preço da GOL volta para faixa dos r$70-80.

Tão simples e fácil como fazer o check-in!


A segunda, relacionada com a primeira... É claro. Trata de analisar os fatos desde o ponto de vista FreudioBuffettniano.

Trata-se porque é uma tentativa, a qual tranqüilamente poderia estar num programa no Discovery Channel.

“Veja aqui, um subgrupo da espécie humana, na sua desesperada e desafortunada tentativa de abordar um avião... E como esse fato influencia um outro grupo diversificado e distante que negocia incansavelmente ações...”.

“Pode um macho enfurecido pular o balcão de embarque, enquanto um outro vende suas ações da companhia?“

“O grupo que esta vendendo pode explicar racionalmente o motivo? Ou são vitimas inconcientes do macho que pulou o balcão?”.

Veja hoje este fascinante documentário as 1AM no Discovery Channel”.


Em dezembro, ultimo mês do ano, o portfolio acumulou +13,46%. Finalizando o Rally Bovespa 2006 com uma alta total (Nov + Dez) de 19,45%.

No ano (2006) o portfolio se incrementou em 45,52% contra 32,90% do Índice Bovespa.
Não foi um ano ruim. Porem, sucessivas crises nas diversas empresas que compõem o portfolio, não permitiram ter um rendimento maior. Foi em todas essas crises que aproveite para incrementar as posições... Permitindo alavancar retornos após que as ações começaram-se recuperar.
Espero colher os frutos neste ano de 2007!

Espero também que todos tenham um excelente ano... com excelentes retornos... !!! É com muitos frutos por colher!!!

...Sarabá!