domingo, novembro 09, 2008

A Recessão, segundo o FMI.

Sou sempre muito cético com qualquer tipo de relatório que faça previsões sobre o futuro da economia ou do mercado financeiro, embora leia todos os que aparecem na minha frente.
Se previsões fossem certeiras, ninguém teria sido pego nesta crise profunda... Claro, sempre existe alguém que sai ileso, mas você terá que concordar comigo que não são aqueles que fizeram as previsões nem aqueles (como nós) que a leram.


(Gráfico interativo, fonte: imf.org dataMapper).

Esclarecido este ponto, o Fundo Monetário Internacional (imf.org), disponibilizou seu relatório anual de perspectivas econômicas em uma tentativa válida de resgatar sua controvertida reputação e sua função na economia mundial.

O relatório de 321 páginas (download completo aqui), explica em detalhes as perspectivas econômicas traçadas pela equipe do FMI para cada um dos países contemplados no documento.

Inicialmente fica claro que, para o FMI, esta é a maior e mais perigosa crise financeira desde a Grande Depressão de 1930. Teremos uma desaceleração do PIB, em 2008, nas economias desenvolvidas (linha vermelha do gráfico), nas economias emergentes e em desenvolvimento (linha azul), e uma modesta recuperação do PIB durante 2009.


Para o caso especifico do Brasil a previsão é de 5,23% de crescimento para 2008, 3,5% para 2009. Embora esteja prevista uma desaceleração, por enquanto, ninguém esta prevendo uma recessão no Brasil.




Levando em consideração que quase 40% das empresas que cotizam na Bovespa tem suas receitas vinculadas às commodities e matérias primas, cujos preços tem sofrido de fortes oscilações (como se corrobora no gráfico de lado), não podemos deixar escapar que seu impacto no índice Bovespa, e na economia em geral, continuará ser percebido ainda por um tempo.

Segundo o relatório, em 2009 a recuperação econômica devera acontecer da seguinte forma:
  • Os preços dos produtos básicos deverão estabilizar-se, a baixa do petróleo deverá impulsionar seu consumo nos países importadores deste produto.
  • Espera-se que o setor mobiliário nos Estados Unidos chegue finalmente ao fundo no próximo ano. O que deveria ajudar a limitar as conseqüências financeiras do setor hipotecário, e seguidamente reativar a disponibilidade de crédito na economia.
  • Não obstante, as economias emergentes ainda sofreram com seu próprio dinamismo, esta resistência poderia ser quebrada com o crescimento da produtividade e a melhoria nos quadros políticos. Evidentemente, quanto mais longa e dura seja a crise financeira, é mais provável que sejamos mais afetados.
A semana que passou foi marcada por fatos históricos, bem como remarcou Alberto Tamer em sua coluna dominical: “... O mundo já não é mais o mesmo de dois meses atrás”.
Que Barack Obama tenha vencido as eleições Americanas inundou de otimismo (ao menos momentâneo) não só aos próprios Americanos, mas também ao mundo todo. Sabe-se que este fato não resolvera os problemas instantaneamente, mas pode vir ha dar crédito (em tempo) para que novas medidas sejam discutidas e executadas.

Tivemos também a reunião do G-20, e esta claro que a perda de espaço no poder mundial devido ao recuo Americano esta sendo disputada pelo grupo que representa 90% do PIB mundial, 80% do Comercio e 2/3 da População. (Nota: o restante 20% do comercio pertence aos Estados Unidos!). Particularmente, penso que um mundo ainda mais globalizado, democrático e com maior participação, deverá trazer mais benefícios para todos...

A plantação tem sofrido nestes últimos meses de forma persistente, escrever isto não me deixa nada feliz, mas devemos afrontar os fatos e continuar atentos às oportunidades. Passei a publicar também a disponibilidade de dinheiro em caixa para novas aquisições.

Mas como Warren Buffett escreveu no seu famoso artigo “The Superinvestors of Graham-and-Doddsville” (1984), quando explicava o que significa comprar com a famosa Margem de Segurança:

“... Se posso comprar uma nota de U$1 por 40 centavos, algo maravilhoso esta acontecendo comigo.”

Boa Semana, Bons Negócios.

(Fontes: Relatório WEO do FMI; site do G-20; Secutity Analysis sixth Edition, ver também: The The Superinvestors of Graham-and-Doddsville.)


Um comentário:

Anônimo disse...

Como pode ser a mais profunda recessão desde 1930 se o gráfico mostra várias economias tendo um desempenho aceitável (acima de 4%/ano)?

Sei lá, muito estranho isso.