domingo, junho 18, 2006

América Latina Logística (ALL: O trem)

“Quando investimos, devemos colocar-nos na posição de analistas de um negocio, não como analistas de mercado, não como analistas da macroeconomia, e muito menos como analistas do preço de uma ação”.

W. Buffett

Isto significa que quando avaliamos adquirir ações de uma empresa, devemos olhar desde a perceptiva de um homem/mulher de negócios. A analise da potencialidade do negocio da empresa em questão deve ser o foco inicial, nunca o preço da ação.

“Podemos resumir o negocio da ALL da seguinte forma: Transportar a maior quantidade de mercadorias de um ponto até outro, no menor custo e com a maior margem possível”.

Comprando um negocio: América Latina Logística (ALL, fundada em Março de 1997).

ALL é a maior operadora de logística com base na América Latina. Transporta todo tipo de produtos para clientes dos mais variados segmentos como: Commodities agrícolas, insumos e fertilizantes, combustíveis, construção civil, florestal, siderúrgico, higiene e limpeza, eletrodomésticos, automotivos e autopeças, embalagens, químico, petroquímico e bebidas.

A empresa nasceu quando venceu o processo de privatização da Rede Ferroviária Federal e passou a operar a malha no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (nessa época se chamava Ferrovia Sul Atlântico). Em 1998 assumiu as operações da malha sul paulista. E, em 1999, com a aquisição das ferrovias argentinas Ferrocarril Mesopotamico, General Urquiza e Ferrocarril Buenos Aires al Pacifico General San Martin, a empresa passou a adotar o nome América Latina Logística.

Em julho de 2001, a ALL integrou a Delara Ltda, uma das maiores empresas de logística do País, e assumiu as operações e contratos comerciais da empresa no Brasil, Chile, Argentina e Uruguai. (ALL possui a concessão das ferrovias por 30 anos)
.

Em 2004 lançou ações na Bolsa de valores de São Paulo e aderiu ao nível 2 de governança corporativa.

Recentemente a ALL adquiriu as malhas de Brasil Ferrovias e Novoeste e expandiu suas operações para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

  • Atualmente ALL possui 20.495 quilômetros de extensão incluindo 8.000 quilômetros na Argentina. (Ver Mapa da Malha da ALL).
  • A frota da empresa tem 960 locomotivas e 27.000 vagões.
  • ALL abrange mais de 75% do PIB do Mercosul e 78% das exportações de grãos da América do Sul. (Lembrando que no 2005 Brasil e Argentina foram juntos os maiores produtores de soja do mundo, superando aos Estados Unidos).
  • Atende 6 dos mais importantes portos de Brasil e Argentina.
  • O principal e único concorrente da ALL é o caminhão.
  • Você sabia que são necessários 135 motoristas de caminhão para transportar o mesmo que um maquinista em um trem com 50 vagões?
  • Alem de que a ferrovia consome 1/3 do diesel que a rodovia para transportar a mesma carga pela mesma distância.
  • O transporte de commodities agrícolas, primordialmente para exportação, representou, aproximadamente, 55% da receita bruta da ALL Brasil em 2005, enquanto que o transporte de produtos industriais representou 45% da receita bruta no mesmo período.
  • Desde 1997, a produção de soja tem crescido a uma taxa média anual de 10% no Brasil e 18% na Argentina.

Porque ALL é um bom negocio?

  • Se acreditarmos que o mercosul é um dos principais fornecedores de matérias primas para o resto do mundo, tão importante como os Estados Unidos e a Europa. Quem esta em melhores condições de transportar estes produtos até os portos e de ali para seu destino, se não a ALL.
  • A empresa pode continuar crescendo em volumem transportado, e melhorando as margens de EBITDA, independentemente do crescimento do país. Como bem demonstrando nos últimos anos. (Em 2005 o EBITDA cresceu 22,9%).
  • Desde 2004 bem diversificando a carteira de clientes e desta forma se torna menos dependentes dos commodities agrícolas.
  • O crescimento no volumem transportado depende diretamente da quantidade de vagões disponíveis que ALL possui. O volumem transportado vem crescendo 8% ao ano desde 1998.
  • Em linha com esta estratégia ALL instalou uma nova fabrica de vagões, chamada Fabrica Santa Fé em Santa Maria (08/2005) que ira fornecer vagões diretamente para ALL.
  • O aumento no volumem vem acompanhado de uma forte redução nos custos. Graças a uma administração excelente por parte dos diretivos da ALL.
  • A receita liquida em 2005 foi de 1,087(Bilhões de R$), segundo estimativas de analistas para o 2006 se prevê uma receita de 1,263(Bilhões de R$).
  • O lucro em 2005 foi de 419(Milhões de R$). Para 2006 se prevê um lucro de 441(Milhões de R$). A projeção para 2010 é de um lucro de 781(Milhões de R$)
  • Alem do custo mais baixo do trem versus o caminhão, o deterioro constante das rodovias continuam permitindo que ALL ganhe mercado.
  • O market share do modal ferroviário no Brasil é de 8%, na Argentina é de 9%... Mas, nos Estados Unidos é de 30-40%... E, no Canadá é de 50-60%!
  • Isto significa que o Brasil e Argentina podem não crescer nada (em términos de PIB) que ainda assim ALL tem um espaço enorme para crescer.

Finalmente, e só finalmente, quanto pagar pela ALL?

Quando ALL fez o lançamento inicial de ações (IPO em inglês) seu preço por ação foi de 49,86r$ (25/6/04). Hoje custa 136r$ por ação (16/6/06). Depois de ter realizado um pico de 165,09r$ (11/6/06) (Ver: ALLL11).

Se acreditarmos que o crescimento da ALL continuara no mesmo ritmo, sem duvida o valor atual oferece um desconto interessante.

... Conhecem alguém que não goste de trem?

Um comentário:

Rita disse...

muito bom !