domingo, junho 07, 2009

O Dinheiro Nos Tijolos (1).

O triste e simpático passado econômico Latino Americano, das ultimas x (xis) décadas, tem influenciado fortemente a maneira de pensar de milhares de investidores latinos.
Em parte porque as históricas e constantes oscilações de nossas particulares economias têm obrigado permanentemente a quem dispunha de algum dinheiro sobrando, a se proteger e se defender da fatídica inflação e da desvalorização praticamente constante de nossas efêmeras moedas.
Em parte porque a falta de opções ou o acesso intrincado que no passado tinham investimentos em Bolsa ou Títulos Públicos e Privados, deixavam poucas alternativas confiáveis de investimento.

Desta forma, colocar o dinheiro em Tijolos tangíveis e visíveis, transformou-se na alternativa predileta de milhares de investidores latinos.
O imóvel sobrevive a desvalorizações, hiper inflação, e outro tipo de anomalias econômicas bastante conhecidas por uma parcela consideravelmente grande desta região do planeta.

No ano retrasado, juntamente com meu sócio Diego (da SBB), participamos como investidores de um empreendimento imobiliário na cidade de Três Lagoas. Com um rendimento de 40% de Junho de 2008 até Junho de 2009, a experiência além de lucrativa se mostrou extremamente educativa.
Uma coisa é operar no mercado de ações e títulos, outra coisa e fazer um investimento direto numa empresa, envolvendo revisões de contratos, acompanhando o desenvolvimento do empreendimento, participando das decisões do negócio e fazendo uma analise de risco mais detalhado e com menos informações disponíveis da que normalmente estamos acostumados quando se trata de avaliar empresas da bolsa.

Percebemos, claramente, da importância e do peso que tem os gestores do negocio. Da habilidade deles, fundamentalmente, depende o sucesso do negocio.

Em junho de 2008 a crise ainda estava prestes a estourar com força, mas quando a oportunidade se apresentou, em nossa avaliação (Risco/Retorno), resultou ser uma excelente forma de testar nossas habilidades e cheiro para os negócios (fora do circuito da Bolsa).

Compramos a idéia de que em Três Lagoas, o déficit habitacional é tão grande que mesmo sendo uma empresa nova, sem histórico no mercado, sem todo o caminho das pedras ainda descoberto para poder, não só construir os apartamentos, mas também poder vender-los, valia a pena participar.

Desta forma nos deparamos que estávamos analisando uma empresa sem histórico nenhum, cuja primeira operação no negocio era o business case que nos estavam apresentando. Fizemos uma pesquisa paralela sobre o valor do metro quadrado de imobeis em Três Lagoas, olhamos a disponibilidade de ofertas em imobiliárias da cidade (e seu valor de venda) e chegamos a conclusão de que se TODO dava realmente certo, então o investimento poderia realmente valer a pena.

Mesmo que o mercado de ações, nessa época, ainda não tinha mergulhado com toda a força, nos pareceu sadio, inteligente e desafiador embarcar nessa empreitada.

... Procuramos então fazer uma analise detalhada abordando os riscos possíveis, e o retorno (pior retorno/melhor retorno).

(A). Nosso lucro aconteceria quando as unidades fossem vendidas.

Estes são alguns dos riscos que avaliamos no momento de entrar ou não no negocio:
  1. Que as unidades não sejam vendidas mas sejam alugadas por um período de 3 anos. (Isto não era interessante para nos, já que procuramos obter um ganho de capital e não uma renda fixa);
  2. Que a venda das unidades demore mais que 8 meses após de construídas. (Neste caso a taxa de retorno cairia mês a mês);
  3. Não concluir a construção das unidades (seria terrível e perderíamos o dinheiro);
  4. Não obter as habilitações da prefeitura de Três Lagoas. (Teríamos as casas construídas, mas não poderiam ser comercializadas até resolver a situação);
  5. Fim abrupto da empresa. (Qualquer fato inusitado que impedisse aos sócios fundadores continuar com o empreendimento);
  6. Estouro da bolha imobiliária no Brasil. (Neste caso o valor de venda não seria suficiente para cobrir os custos, ou seria muito próximo do custo, gerando uma queda considerável no retorno);
  7. A tese de vender os apartamentos no valor que estávamos cogitando, em realidade era mais uma hipótese.
Com tudo, os números, a mitigação e ponderação dos riscos que identificamos, e principalmente, a vontades de testar nosso “cheiro” para os negócios... Fizeram que de fato invistamos.

Continua...

Boa Semana, Bons Negocios.

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